O Fim do Jardim do
Éden
O
homem, todo homem, foi criado para ter comunhão com o Criador, não somente no
final do dia, mas o dia inteiro.
Deus
criou o homem, macho e fêmea e os colocou no jardim que plantou para lavrarem
sua terra e cuidarem dele.
O
homem e a mulher viveram no jardim na sua mais perfeita expressão, em plena
liberdade, em profunda comunhão com Deus, sem rituais, sem preces e sem
obrigações religiosas de qualquer espécie.
E
como tinham plena comunhão com o Criador jamais sentiram a necessidade de fazer
qualquer coisa que O atraísse para perto deles.
Como
as Escrituras não dizem por certo Adão, homem e mulher não oravam, não faziam
preces ou rezavam, apenas conversavam com Deus com a mesma naturalidade que
conversavam um com o outro. Deus estava com eles todo o dia e não somente ao
cair da tarde.
O
Reino de Deus na Sua Plenitude estava sobre toda a Terra e Sua Vontade era
feita no Jardim como era feita nos Céus.
O
homem e a mulher trabalhavam cultivando o jardim, tudo o que faziam era
adoração. Por isto certamente o fim do Éden foi o fim da adoração e o início de
toda religião.
Jesus
e os discípulos nasceram e cresceram em um ambiente religioso, também de ricas
tradições, de histórias e experiências poderosas da ação de Deus no passado.
Entretanto, verdadeiramente nem Jesus e depois que passaram a seguir a Jesus
nem os discípulos seguiram uma religião, ou seja, não faziam parte de uma.
Jesus não praticava o Judaísmo.
É
certo também que Jesus não fundou o Cristianismo. Ele não fundou nenhuma
religião.
As
boas novas que Jesus pregou produziam o desespero dos religiosos e a alegria
das multidões. Boas novas eram notícias de alegria, celebração, boas surpresas
a todo o momento.
Ele
proclamou as boas novas do Reino para todas as áreas da existência contrastando
com a religião de seus pais que era apenas parte da existência e com a tirania
do Império Romano que difundia uma opressão generalizada somando a opressão
religiosa.
Toda
religião baseia-se inteiramente na experiência e no registro do passado de
outras pessoas.
Seguir
a Jesus é deixar a religião dos antepassados para viver com Ele no presente. Não
pode ser religião, porque religião condiciona o estilo de vida do indivíduo.
Seguir
a Jesus é o próprio estilo de vida.
É
a própria caminhada no Caminho no ermo. Coisa Nova. Coisa Nova.
Quando
Jesus foi batizado por João renunciou e rompeu de vez com a religião de seus
pais. ;
Quando
os discípulos ouviram e responderam ao “Vem e segue-Me” de Jesus naturalmente
deixaram para trás sua vida religiosa, e não podia ser diferente, para se tornarem
somente seguidores de Jesus.
Jesus
participou de todas as festas dos judeus, mas não se prendeu ao que
representavam ou significavam. Eram sombras do que havia de vir.
E
Jesus estava ali, já tinha vindo. Ele era a revelação final de cada uma dessas
sombras.
A
última “Páscoa”, que comeu com os discípulos antes de morrer na Cruz, não foi
celebrada como um ritual ou como um memorial da libertação e saída de Seu povo
do Egito simplesmente, mas ali mesmo inaugurou a Nova Aliança com Seus
discípulos.
A
Páscoa era uma festa da Antiga Aliança; todo o ano comemorava-se a Páscoa e
matava-se um cordeiro para ser comido por inteiro. O Cordeiro Pascal era Jesus.
E Ele estava presente.
A
Nova Aliança tem somente um cordeiro, morto de uma só vez, para sempre, que ressuscitou.
O
Cordeiro está vivo tão diferente da Antiga Aliança que exigia todo o ano um
cordeiro morto.
Jesus
é o Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo. Tira o pecado do mundo, porque
tendo sido morto, agora vive.
A
religiosidade do homem é inerente. O pecado, a corrupção e a maldade do homem
sempre geram nele a necessidade da prática de uma religião. E toda religião
gera, alimenta-se e se abastece de culpa e de condenação, algumas religiões numa
medida maior e outras em menor medida.
Invariavelmente
a religião demanda o esforço próprio do homem de aproximar, apaziguar e servir a
divindade.
Qualquer
religião, no máximo, transforma o exterior do homem. Não há ninguém que consiga
ter sua natureza nem seu coração transformados.
Isto
produz no homem uma necessidade de pagar pelas bênçãos que recebe para
compensar a falta de mudança em sua vida. Como não muda nunca prefere pagar
para assim apaziguar a sua consciência.
Suas
ofertas são dadas e as obrigações da religião observadas para fazerem a si
mesmos merecedores da benção divina. Essa realidade está enraizada na cultura
religiosa especificamente dos brasileiros de todos os credos.
A
religiosidade cristã generalizadamente está limitada ao pé da letra das
Escrituras e assim impõe seu legalismo em todos os aspectos da vida. Projeta Deus
como se fosse um conjunto de entidades.
Sim,
Deus é projetado como uma figura distante e às vezes apática aos negócios da
vida e da existência, deixando de ser o Deus das Escrituras para ser um deus
para cada necessidade e que demanda sempre uma oferenda.
Suas
bênçãos são compradas por dinheiro que satisfazem a avareza dos líderes
religiosos que desenvolveram uma Teologia de Prosperidade que operam para
financiamento de suas máquinas ministeriais ou eclesiásticas.
A
religiosidade cristã, especialmente nos meios pentecostais, sempre gera aquela presunção
de que as atividades da vida não podem ser exercidas com liberdade e prazer, de
que existem assuntos espirituais e assuntos materiais, de que existem coisas
que não se fala nem com Deus, como se Deus fechasse Seus olhos ou
deliberadamente tapasse Seus ouvidos para não partilhar de alguns dos aspectos
da vida humana.
Religião
é um túnel de escuridão, onde a luz no fim é apenas uma miragem. Quando mais se
avança mais a luz se distancia. É um túnel sem fim.
A
partir da expulsão do Éden o homem passou a inventar e a viver de mitos. Sem a
Revelação de Deus sempre criou conceitos, símbolos, estilos de vida, culturas,
enfim, toda a espécie de mitos. A própria religião é um mito e gera muitos mitos.
E todo mito é mentira.
Somente
a revelação da pessoa de Jesus pode dissolver os mitos.
É
a promessa da vinda de Jesus que fez com que homens e mulheres rompessem com a
inércia, a passividade e a postergação da realização de seus anseios mais
profundos.
Com
toda a certeza puderam crer e aguardar pela manifestação da Luz que dissipa
todas as trevas e pela manifestação da Verdade que os capacitaram a viver no
presente, livres das sombras e das mitologias do passado.
Contudo
poucos em Israel receberam esta revelação, por isso continuaram presos aos
mitos do Judaísmo.
Entendendo
esta dinâmica melhor, toda religião é o esforço do homem para agradar uma
divindade. A divindade, porém, é a projeção de si mesmo e de seus anseios.
Existe
um deus e um santo para cada tipo de necessidade e anseio humanos. Os deuses e
os santos não surgem, são inventados.
Do
mesmo modo hoje, Jesus Cristo pregado por muitos milhares de pregadores sejam
católicos, protestantes, evangélicos, pentecostais ou neopentecostais é outro cristo.
Muito diferente do Verbo que se fez carne e habitou entre nós.
É
um Gesuis que só satisfaz, é servo daquela projeção das necessidades, que
precisa se encaixar nas estruturas religiosas denominacionais e eclesiásticas.
É um Gesuis atendente, servidor, criado somente para curar e fazer prosperar.
Todo
religioso somente busca agradar-se a si mesmo e ao criar um ídolo o faz como
projeção de si mesmo. Torna-se semelhante ao ídolo todo aquele que o faz e o
adora. Assim acumulam-se para todos os cantos os “falsos santos” e os “falsos
cristos” sejam vivos, ou seja, as memórias dos que já morreram.
Toda
a religião além de praticada é controlada pelo próprio homem. Os que controlam
são muito poucos, os que souberam adestrar as multidões de religiosos em busca
de bênçãos que vêm de suas próprias ambições pessoais.
Os
líderes religiosos em última instância inventam seus ritos, produzem suas
preces e estabelecem as demandas que supostamente os deuses estariam exigindo.
No
Cristianismo igualmente líderes religiosos sempre interpretam os mandamentos da
Lei de Deus tornando-os mais pesados e duros do que são, de modo que ninguém
jamais é capaz de satisfazer as exigências religiosas. Aqui está a base para eles
tirarem alguma vantagem dos seguidores, enquanto eles mesmos isentam-se de suas
práticas.
Quanto
mais perversas são suas demandas mais influenciadas pelas Trevas as religiões
se tornam.
Os
seguidores ou devotos se envolvem e mergulham num sistema de crenças, atos,
práticas, raciocínios e comportamentos somados a sua profunda admiração pelos seus
líderes ao ponto de os colocarem numa posição de infalibilidade e de
representação do próprio Deus, no caso específico de cristãos.
Qualquer
tentativa de dissuadi-los de seu engano é rechaçada sem nenhuma avaliação, alias,
na maioria das vezes, nem querem ouvir qualquer argumentação que sinalize uma
crítica ao seu líder.
Seguindo
as manipulações dos líderes quanto mais os seguidores contribuem cegamente com
dinheiro mais dependentes ficam; enfeitiçados são como quaisquer viciados em jogos
de azar. Iludidos eles se dão mais e mais à prática de ofertas, na esperança
falsa que ficarão ricos um dia. Religião custa muito caro.
Os
líderes religiosos de fato gostam de exigir dos seguidores a observância de preceitos,
leis, regras, tarefas, rituais, de submeterem-se a cerimoniais e a simbolismos,
de separarem sempre o que é espiritual de todo o resto e ao exercício de
diferenciarem pessoas das outras, de julgá-las e de classificá-las santas das outras
que não são!
Por
quê? Porque não conhecem e nem entendem a Graça de Deus e o sacrifício de Jesus
Cristo na Cruz do Calvário.
Mesmo
se entendessem e pregassem que o sacrifício de Cristo é suficiente para
abençoar Seus filhos, perderiam a clientela, pois seus seguidores iriam saber
que o mesmo Deus que deu Jesus, com Ele dá aos Seus filhos todas as coisas. Sem
barganha. Sem pagamento.
Religiosos
jamais conseguem manter seus relacionamentos com outros, porque tão logo
escutam algo de alguém que discordam deles e se sentem desafiados em suas
crenças e convicções cortam as relações.
Religião
separa os melhores amigos uns dos outros.
Religiosos
também não sabem manter a amizade nem o relacionamento com os que não são
semelhantes a eles, por isto relacionam-se somente dentro do grupo de suas
afinidades religiosas. Todos são iguais e praticam tudo semelhantes uns aos
outros. É por isto que através da aparência das pessoas facilmente as
identificamos com o grupo religioso a que pertence.
Religião
gera toda a manifestação de hipocrisia. Infunde um semblante de contrição na
medida em que aumenta o emperdenimento do coração.
Religião
dá formas uniformes para cada seguidor e cada um passa a ser conhecido pelos
cacoetes de sua religião. Tudo é praticado sem autenticidade, igualzinho e
previsível como sempre.
Toda
religião gera ódio, o Cristianismo inclusive; leia só os exemplos infindáveis
de sua história.
Cristãos
mataram tanto quanto mulçumanos. Uns mataram aos outros. Até Lutero matou
judeus e Calvino os que eram impiedosos sob sua maneira de ver.
E
a Santa Sé matou milhões de seres humanos em toda a sua história e
principalmente aqueles que faziam descobertas que confrontavam a ignorância de
suas doutrinas. Toda religião produz chacinas.
Os
judeus comuns do primeiro século eram gente assenhorada pela exploração de todo
o tipo: política, social, econômica e pela pior de toda a religiosa.
Mesmo
acostumados ao labor e as pressões da vida, antes de seguirem a Jesus, viviam
sufocados por algo mais opressor que o trabalho escravo: os cruéis líderes
religiosos, feitores da religião aos quais nunca conseguiram satisfazer e eles
mesmos jamais tiraram dela qualquer satisfação.
Além
de viverem oprimidos pelo jugo da religião carregavam os fardos impostos pelos
romanos, ocupantes de suas terras e pelos seus governantes locais corruptos e
exploradores.
Quando
o Mestre Jesus veio anunciando o Reino era as boas novas excepcionais,
recebidas com alegria e satisfação pelo povo.
Aonde
Jesus chegava além de ouvirem uma mensagem incomum de Graça, arrependimento,
perdão, Reino de Deus, logo percebiam e eram surpreendidos pelo Seu jeito de
ser e agir, porque ao contrário dos líderes religiosos relacionava-se com qualquer
um, com todos, sem fazer acepção de pessoas, sempre servindo e servindo, nunca
com uma postura de superioridade.
E
havia Poder não somente no que Jesus dizia, mas nos Seus milagres, nas Suas
curas e nas libertações de demônios que operava.
Seu
jugo era suave e seu fardo era leve. As pessoas conheciam outros poderes. E
todos os outros poderes eram pesados e aumentavam os seus fardos.
Quando
o Poder de Deus manifestou-se entre eles na pessoa de Jesus elas perceberam que
não precisariam mais viver sob o jugo da religião e mesmo continuando a viverem
no Império Romano estariam seguindo a Jesus, O Rei de outro Reino.
É
somente na perspectiva dos relacionamentos que vamos entender a razão pela qual
Jesus comia e bebia vinho com publicanos e pecadores.
Os
seguidores de Jesus eram gente simples, se não eram simples, tornavam-se.
As
Boas Novas do Reino eram novas de alegria, muita alegria.E ao seguirem Jesus
experimentaram uma liberdade extraordinária.