Quando
Jesus e Seus discípulos iam de um lugar para o outro, distante das cidades
paravam pelas estradas ou pelos campos do Império Romano para descansarem e se
alimentarem.
Todos
eles como quaisquer viajantes cansavam-se depois de uma longa caminhada, Jesus
inclusive.
Acredito
que quando faziam as refeições entre eles quem cozinhavam eram as mulheres que
também seguiam a Jesus, mas há forte indicação de que Jesus de vez em quando
também cozinhava.
Com
certeza, se não conseguiam alcançar alguma cidade ou vila antes do anoitecer
paravam onde estivessem; nestas ocasiões geralmente Jesus buscava sempre algum
monte para passar a noite.
Não
foram poucas as noites em que Jesus não dormia. Orava a noite inteira, a
maioria das vezes foram encontros reservados somente entre Ele e o Pai.
Do
mesmo modo que não havia nenhum ritual ou cerimonial que tivesse que observar
para chegar-se ao Pai, também agia com simplicidade no relacionamento com todos.
Pessoas simples não gostam de cerimoniais.
Definitivamente
Jesus não orava para cumprir uma tarefa espiritual que deveria ser repetida
sempre, como muitos de Seus discípulos até hoje entendam assim.
Jesus
orava, porque conversava com o Pai, como um amigo conversa com outro amigo
sentado no banco de alguma praça.
O
Filho Eterno se aproximava do Pai Eterno no tempo e o Espírito estava sobre
Ele, e cavaqueavam esbanjando intimidade.
Paravam
onde queria a qualquer hora do dia, à sombra de uma árvore ou perto de alguma
rocha já que não levavam tendas ambulantes.
Depois
que foi batizado por João no Rio Jordão, Jesus não habitou mais em nenhuma casa
e não carregava nenhuma tenda. Ele era a Tenda de Deus entre os homens.
Quando
alcançavam alguma vila ou cidade ficavam na casa de alguém que quisesse
hospedá-los. Havia sempre alguém de portas abertas para hospedar Jesus e Seus
discípulos. E eles comiam e bebiam em qualquer casa, de quem quer que fosse
numa celebração constante e cheia de alegria.
Todos
eram considerados iguais no sentido de que eram tratados igualmente e com Jesus
e por causa de Jesus não seguiam nem observavam qualquer protocolo nem mesmo se
lavavam para comer como exigia um dos preceitos dos fariseus.
Entre
uma e outra refeição, entre um dia e outro ou entre uma noite e outra, Jesus e
Seus discípulos não poucas vezes cruzaram Israel a pé.
Entre
Jesus e os discípulos também não havia preferências, nem algum tratamento
especial para um ou outro, porque não havia entre eles discípulos mais
importantes que os outros. Nem mesmo Jesus era mais importante que os
discípulos e nem mesmo Ele recebia tratamento especial.
Todos
se assentavam juntos, ocupando o mesmo espaço, nada de canto separado para Jesus,
para Pedro, Tiago e João, algum outro canto para o restante dos discípulos, e outro
canto para as mulheres.
Assim, sem um espaço separado ou uma mesa especial só
para Jesus sentavam-se todos juntos e falavam uns com os outros, ouviam uns aos
outros e interagiam uns com os outros. Isto era relacionamento.
Não
há registro de que serviam o Mestre primeiro. O Mestre cultivava já por muito
tempo um jeito de viver e agir bem diferentes, era livre, descontraído,
extremamente generoso.
A
maioria das vezes Ele repartia primeiro o alimento para Seus irmãos para somente
depois comer como ocorreu duas vezes quando multiplicou os pães e os peixes. Ordenou
que os discípulos primeiro servissem a multidão.
Hoje
em dia é muito diferente quando os crentes almoçam juntos, há sempre uma mesa
separada para os líderes e já vi, muitas vezes, a comida que lhes serviram era
superior à servida aos irmãos.
Mas
Jesus e os Seus discípulos, sentados à mesa, serviam-se da mesma comida enquanto
desejassem comer. Água, pão, peixe, carne assada, azeitonas e vinho ao alcance de
cada um. Nada de melhor porção para Jesus como José ofereceu a Benjamim
preterindo os outros irmãos.
Ao
redor da mesa cada um se desarmava, até o introvertido tornava-se extrovertido,
e todos interagiam sem qualquer reserva, era "koinonia" verdadeira
com muita conversa.
E
deviam se divertir à beça ao redor de cada refeição como quando andavam pelos
caminhos de Israel. Eram boas novas do Reino que anunciavam. Boas novas trazem
alegria, sorrisos, risos, celebração e extremo contentamento.
Quando
encontravam à beira de alguma estrada, nos campos, na praia, numa vila, cidade ou
por onde quer que fossem, fosse somente uma pessoa ou uma grande multidão
sempre paravam para servir.
Com
Jesus tudo era bem diferente. Ele nunca tratou ninguém como os religiosos
tratavam. Jesus era de outro mundo.
O
povo sempre afluiu em busca de Jesus por conta dos sinais que sempre operou e
Ele nunca deixou de atender ninguém, porque amava a todos sem distinção.
Quando
mais antagônico e mais desigual a Ele, quanto mais impuro, sujo, indigno e
perdido alguém fosse era este que buscava, era com ele que comia e bebia com o
maior prazer.
Jesus
estava sempre buscando alguém para não só manifestar a Sua Graça quanto para superabundá-la.
Assim sempre acontecia na vida do mais pecaminoso, especialmente do que tinha
sido completamente rejeitado e execrado por algum religioso.
Uma
criança não somente é concebida em pecado, mas quando nasce o pecado passa
residir nela e irá acompanhá-la até morrer. Conceber em pecado nada tem a ver
com a relação sexual da qual foi gerada. Conceber em pecado significa que o
pecado passou a todos os homens, desde o primeiro casal. Se Caim e Abel
tivessem sido gerados antes de Adão e Eva terem sido expulsos do Jardim não
teriam nascido em pecado.
Todos
os homens nascem em pecado. Todos os homens pecam. “Todo o homem é pecado.”
Wilson Regis. Mas nem todo homem precisa morrer no pecado.
“Mas a todos quantos O
receberam – ao Verbo – Deus deu-lhes o poder de serem feitos filhos de Deus, a aos que crêem no seu nome; os quais não nasceram do
sangue, nem da vontade da carne, nem da vontade do homem, mas de Deus.”
Apóstolo João.
No
sacrifício de Jesus na Cruz não desincluiu nenhum pecado que tinha sido
cometido anteriormente por qualquer ser humano, que estava sendo cometido
enquanto Jesus estava sendo crucificado ou que viria a ser cometido em qualquer
época por qualquer um em qualquer lugar no universo.
Na
Cruz Jesus atraiu sobre Si todos os pecados, de todos os homens e de todas as
épocas e morreu em propiciação de todos eles.
“Ele é a propiciação pelos nossos pecados, não somente
pelos nossos, mas pelos de todo o mundo.” Apóstolo João.
Jesus
não só atraiu sobre si na Cruz todas as maldições dos homens, toda a maldição
sobre a Terra e toda a maldição sobre todo o cosmos, Ele se fez maldição por
nós.
Jesus
não reconciliou com o Pai e consigo mesmo não somente homens, mas todas as
coisas.
Nenhum
pecado escapou de estar presente sobre Jesus crucificado na Cruz. Jesus não
morreu somente pelos nossos pecados e levou sobre Si todas as
nossastransgressões. Como não bastasse ter sido enfermado e moído pelo próprio Pai
Jesus se fez pecado.
Pela Graça Jesus não somente aceitou, mas quis subir no
madeiro, ao lugar onde o pecado abundou em extremo muito mais além de qualquer
limite.
Nem
mesmo no inferno o pecado abundou tanto, de fato, não existe nenhum outro lugar
onde o pecado abundou tanto quanto na Cruz de Jesus.
Por
causa disto não existe nenhum outro lugar onde a Graça superabundou tanto,
nunca, em nenhum outro, mais do que na Cruz em que Jesus foi crucificado.
Antes
mesmo de subir à Cruz Jesus onde quer que fosse sobejava Graça para qualquer
um.
A
Graça sempre se manifestou, desde antes que os mundos foram criados, em toda a
Criação, por todos os tempos e todas as eras, culminando na cruz, no sepulcro e
na ressurreição.
A
Graça é eterna. A Graça tão alta e sublime esteve sempre e está sempre a
disposição do menor e do maior de todos os pecadores.
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